O Ministério Público de São Paulo, através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), apresentou uma denúncia bombástica contra os vereadores José Roberto Monteiro Júnior, Josué Lourenço dos Santos e Eugênio Zwibelberg, da Câmara Municipal de Ubatuba. A acusação envolve um esquema de corrupção que inclui práticas de “rachadinha”, coação, fraudes e até cárcere privado de testemunhas.

O Esquema de Corrupção

A investigação começou em março de 2023, após o Ministério Público receber denúncias sobre a prática de rachadinha na Câmara dos Vereadores de Ubatuba. De acordo com o MP, os três vereadores indicavam pessoas para cargos comissionados na prefeitura e exigiam que esses servidores repassassem parte do salário a eles em troca de serem mantidos nos cargos. Cada um dos vereadores exigia diferentes valores, mas o montante total recebido por eles não foi revelado.

Medidas Cautelares

O Ministério Público solicitou a suspensão imediata das funções públicas dos vereadores, a proibição de frequentarem a Câmara Municipal de Ubatuba e restrições de contato com vítimas e testemunhas. Atualmente, nove testemunhas estão sob proteção judicial devido aos riscos envolvidos.

Declaração do Ministério Público

“A conduta dos denunciados é odiosa, pois ao invés de trabalharem visando ao progresso da cidade, defendendo os interesses do povo e assegurando que os direitos deste fossem respeitados, traíram a confiança da sociedade colocando em risco a integridade do sistema político e manchando a imagem de todo o Poder Legislativo”, afirmou a petição assinada por quatro promotores do GAECO.

Principais Evidências

1. Ameaças e Plano de Assassinato: Eugênio Zwibelberg teria contratado um segurança particular para eliminar desafetos, incluindo o vereador Rogério Frediani.
2. Fraude Processual: Durante a operação de busca, Zwibelberg teria entregue um celular que não era o seu aparelho principal, tentando esconder provas. Armas de fogo e documentos comprometedores foram apreendidos.
3. Assassinato de Testemunha: O vereador Junior Jr. é acusado de financiar a defesa de um acusado de assassinato de uma testemunha crucial no caso.
4. Intimidação: Armas de fogo encontradas nas residências dos vereadores evidenciam a natureza violenta das operações.

Além de tratar sobre o esquema de rachadinha, o relatório do MP também aponta que os vereadores cometeram outros crimes para manter o esquema ativo. Josué D’menor teria mantido uma testemunha em cárcere privado após ela não repassar parte do salário ao vereador e ameaçar denunciar o esquema. Já Júnior JR é citado como envolvido na morte de um motorista de aplicativo que denunciou o esquema de rachadinha — em agosto de 2023, a vítima, de 44 anos, foi encontrada morta, amordaçada e com as mãos amarradas.

Ainda na denúncia do MP, o órgão pede que os três vereadores sejam afastados imediatamente dos cargos até o final do ano, além de serem proibidos de entrarem em contato com outros envolvidos na investigação. O processo está em segredo de Justiça.

Eugênio Zwibelberg (Avante), Josué D’menor (Podemos) e Júnior Jr (Podemos) foram candidatos nas eleições de 2024, mas nenhum deles conseguiu se eleger.

Este escândalo revela a profundidade da corrupção que pode infiltrar-se nas instituições públicas, comprometendo a confiança da sociedade no sistema político. As ações do Ministério Público são um passo crucial para restaurar a integridade e a justiça em Ubatuba.

Declaração do Vereador Junior JR

Em resposta às acusações, o vereador Junior JR declarou: “Eu estou muito tranquilo, e preparado para fazer minha defesa. Sempre fui vereador muito combativo, e assim continuarei. O tempo é o dono da verdade, e ela será revelada no momento certo. Já esperávamos esse posicionamento do MP, mas sigo confiante na justiça. E o mais importante é a consciência de que fiz meu papel de fiscalizador, o que muito me orgulha. Faria tudo novamente!”. Os vereadores Josué Lourenço dos Santos e Eugênio Zwibelberg, envolvidos não responderam nossa reportagem.

Fonte: Marcelo Caltabiano, G1e MP.

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