Ansiedade, depressão e vícios: São José tem alta de 30% nos atendimentos psiquiátricos de urgência para adolescentes no SUS


Como as redes sociais prejudicam a saúde mental dos jovens?
O número de atendimentos psiquiátricos de urgência para crianças e adolescentes teve um aumento de 30% pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em São José dos Campos, maior cidade do Vale do Paraíba.
Na cidade, o pronto-socorro psiquiátrico funciona no Hospital Francisca Júlia, na Zona Sul. Segundo a direção da unidade, de janeiro a setembro de 2024 foram contabilizados 592 atendimentos de crianças e adolescentes na emergência. No mesmo período de 2025, o número saltou para 765 atendimentos – alta de 30%.
Ainda de acordo com a instituição, o que antes era visto como algo pontual se tornou rotina, com o aumento no número de jovens em crise emocional, com quadros de ansiedade, depressão, automutilação, dependência digital e uso problemático de substâncias.
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Por causa do aumento expressivo, a unidade iniciou um programa de conscientização e acolhimento voltado a pais e responsáveis, alertando para o cuidado com a saúde mental infantojuvenil em casa — com escuta, presença e orientação.
“Recebemos diariamente jovens em sofrimento intenso. Muitos não sabem nomear o que sentem, outros chegam exaustos de tentar lidar sozinhos. Esse cenário nos obriga a ampliar o olhar — cuidar do indivíduo, mas também das causas que o cercam”, afirma Rodrigo Gasparini, Diretor Médico da Instituição.
Criança no celular
Canva
Segundo o médico, não é possível avaliar se o aumento no número de atendimentos é positivo, no sentido de que mais pessoas estão buscando ajuda profissional, ou negativo, por representar uma alta das doenças mentais e psíquicas, mas a rede vê com preocupação o aumento.
“Não há como a gente identificar se esse número reflete crianças e adolescentes que já tinham algum tipo de transtorno, mas não procuravam auxílio, ou se eles não existiam e passaram a existir e, portanto, o número aumentou em 30%. É quase impossível a gente conseguir identificar isso, mas, de qualquer forma, isso deve ser olhado com cuidado, com preocupação sim, porque os transtornos psiquiátricos quando acontecem de forma mais precoce representam um risco maior, pior prognóstico”, explicou o Dr. Rodrigo Gasparini, diretor médico do Hospital Francisca Júlia.
O uso excessivo e desregulado de redes sociais é apontado como um dos principais agravantes da crise emocional entre adolescentes de 12 a 17 anos. De acordo com a instituição, há um crescimento visível de ansiedade, depressão, distúrbios do sono, transtornos alimentares e queda de atenção entre jovens com uso problemático de tecnologia.
“Esse aumento tem causas multifatoriais. Hoje, a gente sabe que o próprio contexto social é um deles, sobretudo o uso excessivo de telas. Essa nova ferramenta, o celular, as telas, hoje nós sabemos que alcançam uma imensa maioria de crianças e adolescentes, com impactos severos no processo de desenvolvimento neuronal das crianças e dos adolescentes e, consequentemente, reflexos importantes e graves nas questões emocionais, cognitivas dessas crianças e até sociais”, disse.
Alguns sintomas comuns nos pacientes jovens atendidos no local são:
Cansaço diurno e distúrbios do sono;
Dificuldade de concentração e queda no desempenho escolar;
Isolamento, baixa autoestima e irritabilidade;
Aumento de autolesões e sintomas de abstinência quando o acesso ao celular é restrito.
Crianças e adolescentes relatam passar por crises de pânico e ansiedade na escola
EPTV Campinas
O médico Gasparini orienta que os pais, amigos e a escola possuem papel fundamental para identificar quando o jovem não estiver bem e ajudá-lo a buscar atendimento médico antes que a situação se agrave.
“Os pais ou responsáveis e até mesmo as próprias instituições de ensino na escola têm um papel fundamental na identificação precoce de sinais e sintomas, como alterações de comportamento, alterações de humor”, disse.
“Então, são pessoas que estão próximas à criança, é importante a gente ter consciência de que alguns comportamentos são inerentes a determinadas idades, mas, quando essas alterações de comportamento chamam muito atenção e, sobretudo, quando sugerem um sofrimento psíquico, um sofrimento emocional dessas crianças e desses adolescentes, nesse instante é fundamental que seja buscado a ajuda profissional”, orientou.
No Francisca Júlia, o atendimento de emergência pelo SUS para crianças, jovens e adultos funciona 24h horas para moradores de São José dos Campos. É preciso levar RG, comprovante de endereço, e o CRA. Menores de idade devem ir acompanhados de um responsável.
“Aqui na Francisca Júlia nós temos uma unidade de pronto atendimento, uma unidade especializada em saúde mental que funciona 24 horas. Ela é destinada ao atendimento de qualquer morador do município de São José dos Campos, podendo ser criança ou adolescente, mas com comprovação de endereço, acompanhado dos pais ou responsável. Esse atendimento é ofertado 24 horas com consulta médica e com setor de observação se for necessário. Se for necessária a internação hospitalar para essa criança ou para esse adolescente, que são casos de absoluta exceção, mas podem acontecer, nós temos aqui no serviço uma enfermaria exclusiva e especializada para internação de crianças e adolescentes”, disse Gasparini.
“Além dessa unidade especializada 24 horas, nós temos os serviços de internação hospitalar aqui no Complexo de Saúde Mental e mantemos também um ambulatório de saúde mental da infância e da adolescência no Centro da cidade, mas para atendimento nesse ambulatório o paciente precisa ser encaminhado”, finalizou o médico.
O Hospital Francisca Júlia fica na Estr. Dr. Bezerra de Menezes, 700, no Jardim Torrão de Ouro, em São José dos Campos. O telefone para contato é (12) 3944-9090.
Uso excessivo de telas pode aumentar ansiedade entre as crianças.
Reprodução/TV Gazeta
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Fonte: Matéria original

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