Um momento de ternura entre uma baleia-jubarte e seu filhote foi registrado por um fotógrafo amador no litoral de São Paulo. As imagens mostram a mãe erguendo o filhote com a cabeça e o apoiando na superfície da água, como se quisesse apresentá-lo ao mundo.
O flagrante ocorreu na última quinta-feira (10), no canal de São Sebastião. O autor das fotos é o engenheiro civil Ricardo Cezar, que estava em um barco de passeio com a família quando avistou as baleias. Ele conta que ficou emocionado com a cena e não hesitou em registrar o momento.
“Eu sempre gostei de fotografar animais, mas nunca tinha visto baleias de perto. Foi uma experiência incrível, muito emocionante. A gente percebeu que elas estavam bem tranquilas, interagindo com a gente. A mãe parecia estar orgulhosa do filhote, levantando ele com a cabeça e deixando ele respirar”, relata.
Segundo o biólogo João Paulo Krajewski, especialista em vida selvagem e apresentador do programa “A vida secreta dos bichos” da GloboNews, esse comportamento da baleia-jubarte é comum e tem uma função importante para a sobrevivência do filhote.
“Esse é um comportamento maternal típico das baleias-jubarte, que fazem isso para ajudar o filhote a respirar. Como os filhotes são pequenos e têm pouca gordura, eles se cansam mais rápido e têm mais dificuldade para subir à superfície. Então, a mãe dá uma forcinha, empurrando ele com a cabeça ou com a nadadeira peitoral”, explica.
Krajewski afirma que as baleias-jubarte costumam visitar o litoral brasileiro entre os meses de julho e novembro, principalmente nas regiões de Abrolhos (BA) e Imbituba (SC), onde se reproduzem e cuidam dos filhotes. Ele diz que é raro ver esses animais tão perto da costa de São Paulo, mas que isso pode estar relacionado às mudanças climáticas e à recuperação da população da espécie.
“As baleias-jubarte foram muito caçadas no passado e quase foram extintas. Hoje elas estão se recuperando graças à proibição da caça comercial e aos esforços de conservação. Isso faz com que elas possam explorar novas áreas e buscar novos recursos alimentares. Além disso, as mudanças climáticas podem estar alterando as correntes marítimas e a distribuição das presas, o que também influencia na migração das baleias”, analisa.
O biólogo ressalta que as baleias-jubarte são animais dóceis e curiosos, que às vezes se aproximam dos barcos para interagir com os humanos. No entanto, ele alerta que é preciso respeitar as normas de observação de cetáceos, que visam garantir a segurança dos animais e das pessoas.
“É importante manter uma distância mínima de 100 metros das baleias, não fazer barulho excessivo, não jogar lixo ou objetos na água, não tentar tocar ou alimentar os animais e não nadar junto com eles. Essas medidas são essenciais para evitar estresse, acidentes ou danos aos animais, que são muito sensíveis e podem reagir de forma imprevisível”, orienta.
Baseada na matéria G1 – Imagens: Júlio Cardoso
Por Ricardo Severino – Blog do Severino