Um helicóptero com quatro pessoas a bordo desapareceu neste domingo (31) enquanto fazia o trajeto entre São Paulo e Ilhabela, litoral norte do estado. A aeronave saiu do Campo de Marte, na capital, por volta das 14h e tinha como destino o município de Ilhabela. O último contato com o piloto foi feito às 15h06, quando ele informou que estava sobrevoando Caraguatatuba.
Segundo áudios obtidos pela TV Vanguarda, o responsável orienta o piloto a encontrar um “buraco” — termo de aviação que significa um espaço de céu limpo e com campo visual um pouco melhor. O condutor da aeronave, por sua vez, responde que está tudo “colado” — ou seja, nuvens baixas e visibilidade prejudicada pelo mau tempo.
O responsável pelo heliponto ainda insiste para que o piloto tente encontrar uma passagem que permita lhe subir acima das nuvens: “Mas não dá pra passar por cima da camada?”, indaga, afirmando que de onde falava o tempo estava bom. “Está tudo colado, não consigo ir por cima da camada”, responde o piloto.
A pessoa ainda insiste, mais uma vez, para que se procurasse um “buraco” — o condutor da aeronave, então, concorda. “Tá bom, se achar eu vou”, responde.
Poucos minutos depois, o piloto fez novo contato com o controle do heliponto avisando que seguiria para Ilhabela e que tentaria “ir por cima” das nuvens. Foi o último diálogo entre os dois.
Parentes de duas das desaparecidas, Luciana Rodzewics, de 46 anos, e sua filha, Letícia Rodzewics Sakumoto, de 20 anos, relatam angústia diante da situação, mas se mostram otimistas com o avanço das buscas. Além delas, estavam na aeronave o piloto (identificado como Cassiano Teodoro) e um amigo da família (Rafael Torres).
“A gente tem bastante fé. Hoje nós estamos com um pensamento bem positivo que teremos a finalização dessa busca, que os quatro tripulantes vão voltar com vida. Foi o primeiro dia que consegui dormir”, disse ao Estadão a vendedora Silvia Santos, de 43 anos. Moradora do bairro do Limão, na zona norte, ela é irmã de Luciana e tia de Letícia.
A Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou as buscas pelo helicóptero na manhã deste domingo (31), com o apoio de equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. Segundo a FAB, dois aviões e um helicóptero estão sendo utilizados na operação, que conta com a participação de cerca de 50 militares.
Ainda não há informações sobre as causas do desaparecimento da aeronave, nem sobre a identidade dos ocupantes. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o helicóptero, modelo Robinson R44, estava com a documentação em dia e tinha capacidade para quatro pessoas, incluindo o piloto.
O helicóptero pertence à empresa Helimarte Táxi Aéreo, que emitiu uma nota lamentando o ocorrido e dizendo que está prestando toda a assistência às famílias dos passageiros e do piloto. A empresa também afirmou que está colaborando com as autoridades na investigação do caso.