
A presença de três governadores apontados como potenciais herdeiros políticos de Jair Bolsonaro (PL) aumentou o mau humor do entorno familiar do ex-presidente com os principais aliados fora do partido. Apesar das críticas, líderes da direita decidiram “ignorar” os comentários de Eduardo (à direita na imagem em destaque) e Carlos Bolsonaro enquanto aguardam o julgamento da trama golpista e preparam-se para as eleições de 2026.
Durante a festa do Peão de Barretos (SP), os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos, à esquerda na imagem de destaque), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), trocaram afagos em uma entrevista coletiva realizada no último sábado (23/8), no que parece ser um ensaio para as eleições de 2026 sem a presença de Bolsonaro. Em certo momento, Caiado disse que um deles “ocupará o Palácio do Planalto”.
A movimentação se dá dias depois da Polícia Federal ter tornado públicas conversas entre Eduardo e o pai, no relatório que embasa o indiciamento de ambos por coação no processo da ação penal por golpe de Estado. Na troca de mensagens, o deputado federal debocha da posição de Tarcísio nas pesquisas e critica Bolsonaro por desautorizá-lo durante uma entrevista e defender o governador paulista.
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Depois do evento em Barretos, Eduardo compartilhou uma publicação que critica “caciques partidários” que “se reúnem em clima de festa, discutindo quantos ministérios caberiam em um eventual governo Tarcísio”. Carlos Bolsonaro compartilhou o levantamento da Paraná Pesquisas que mostra o ex-presidente empatado no 1º turno com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), repetiu que seu pai é um perseguido político e que as ações judiciais foram orquestradas para que “todos os PERMITIDOS sigam o jogo ditado pelas facções que hoje voltaram a mandam no Brasil”.
Apesar da crescente tensão, presidentes de partidos ouvidos sob reserva pelo Metrópoles afirmaram que não entrarão em embate direto com os filhos do ex-presidente, mas também não irão recuar nas articulações que miram a viabilidade da direita ganhar as eleições de 2026 em um cenário sem Bolsonaro.
O entendimento é que Bolsonaro não irá bater o martelo e escolher um candidato tão cedo e, por isso, a direita passou a se organizar sem pensar em uma candidatura única, mas em um palaque pulverizado no primeiro turno e unificado no segundo no nome que se mostrar mais viável.
Ronaldo Caiado lançou a sua pré-candidatura em abril em Salvador (BA), enquanto Romeu Zema escolheu São Paulo para oficializar sua intenção de concorrer ao Planalto. Tarcísio, por outro lado, mantém-se discreto e não admite publicamente que irá disputar a Presidência. Diferente de Zema e Caiado, o governador paulista está no seu primeiro mandato e pode disputar a reeleição.
Eduardo cria “antagonismo insuportável”
Apesar do alinhamento ideológico e do reconhecimento do “peso” de Bolsonaro nas eleições, a postura de Eduardo, que está nos Estados Unidos articulando por sanções contra autoridades brasileiras, é vista como uma tentativa de desgastar outros nomes e se cacifar politicamente e tentar se viabilizar como herdeiro político do pai.
Em uma nova publicação nas redes sociais, Eduardo disse ser “estranho” não ter sido incluso no levantamento do Paraná Pesquisas divulgado nessa segunda-feira (25/8). Carlos disse que “não ter Eduardo na pesquisa é método de quem está pagando ou tabelando com o sistema”.
“O pessoal mais próximo ao Eduardo tem tolhido e constrangido todos que falam de trabalhar candidaturas alternativas, isso não é bom politicamente para os Bolsonaro. É prejudicial. Com todo esse antagonismo insuportável que o Eduardo tem criado, nao tem nem como ele voltar ao Brasil e disputar qualquer eleição”, disse um parlamentar aliado.
Eduardo Bolsonaro se mudou para o Texas em março deste ano. Recebendo R$ 2 milhões de Bolsonaro. Desde então, o filho do ex-presidente tem circulado pelos gabinetes do governo de Donald Trump em Washington D.C., participando das reuniões que levaram ao anúncio do tarifaço.
A postura “belicista” causa estranhamento até em aliados de primeira hora de Eduardo tem mostrado ressalvas ante a escalada de críticas e as sanções e medo de desgastar a imagem com o eleitorado à frente das eleições de 2026. A leitura é que Eduardo está se isolando politicamente. Nas últimas semanas, Eduardo e o aliado Paulo Figueiredo tem tentado aumentar a pressão sobre o Brasil e passaram a mirar, além de ministros, os presidentes da Câmara e do Senado com ameaças de sanções.
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