Fenômeno do impostor é a toxicidade que atravessa o espelho

Fenômeno do impostor é a toxicidade que atravessa o espelho

A fórmula para viver a sua “melhor versão” é vendida na internet como algo simples: acorde às 5 da manhã, malhe antes do café, leia três capítulos de um livro inspirador e siga o roteiro dos influenciadores que juram que tudo depende apenas de força de vontade. Se não deu certo, a conclusão é óbvia: você não se esforçou o suficiente. 

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Receber um elogio é envergonhar-se quando o espelho não reflete essa imagem. Uma relação “tóxica” que persiste em dizer que você poderia ter feito melhor. Para muitos de nós, sentir-se útil está relacionado com uma vida longa e mais saudável. Entretanto, sempre tentar corresponder às expectativas (inclusive as nossas) se torna fonte de fracasso constante. Estudos publicados há três meses apontam, inclusive, que o fenômeno do impostor atinge mais de 60% das pessoas globalmente e é frequentemente associado ao burnout.

Já se perguntou por que você é tão exigente e sente que mesmo assim não foi o suficiente? É possível que esteja vestindo a roupa do(a) impostor(a). Mesmo diante de resultados concretos, você teme ser “descoberto(a)” como uma fraude. Embora esteja ligado a altos padrões de exigência pessoal, o fenômeno não reflete a realidade das conquistas obtidas. É como viver sob um julgamento interno que nunca absolve, um mecanismo que alimenta a relação tóxica consigo mesmo e drena a energia que poderia ser usada para avançar. 

O adoecimento aumenta a cada dia. Manchetes na última semana mostraram que adultos voltaram a usar chupetas (sim! Pode acreditar!). Mais uma tentativa frustrada em se calar e evitar olhar para dentro, usando artifícios para ter algum conforto e acolhimento. Quais desejos preciso silenciar? 

Dói menos acreditar que pode fazer melhor do que olhar para faltas na própria existência. Não parar esconde o vazio de não corresponder ao padrão esperado durante toda a sua vida. A ideia de que os outros são os principais responsáveis pelo nosso desgaste emocional é confortável, mas incompleta. A toxicidade mais nociva é a que vem de dentro. O diálogo interno — quase imperceptível, mas constante — corrói a força de vontade e afeta até a saúde física. 

Um estudo publicado neste ano pela Scientific Reports aponta que a autocrítica intensa, está associada a índices mais baixos de bem-estar psicológico. Ao perseguir um ideal de “perfeição”, a pessoa não só deixa de celebrar o que já conquistou, como também paralisa diante da possibilidade de fracassar. 

A ideia não é sobre evitar se superar, mas sim, sobre perceber que você não deve estar em guerra com você mesmo, buscando falhas como quem encontra areia no deserto. O paradoxo: se até o lazer virou meta, parar é sinônimo de culpa para quem precisa ser melhor a cada minuto. 

A autocrítica costuma se disfarçar de disciplina e motivação. Ser tóxico consigo mesmo não é um desvio. É uma armadilha construída com palavras que parecem reflexo da verdade

Entenda, nem toda meta precisa ser cumprida no limite. Filtre comparações e quem são as pessoas que opinam sobre seu desempenho. Pare e pense: quais são as suas expectativas? Se não existe uma resposta, você está em uma corrida sem linha de chegada. Se pergunte genuinamente: há algo que ainda não sabem a seu respeito ou você está evitando reconhecer suas conquistas para se manter na corrida de hamster?

O sinal de alerta não é externo, está no sussurro que grita dentro de você “se esforce mais” mesmo quando está cansado o tempo todo. Viver não é sobre fazer mais e melhor por isso, abaixe o volume da autocrítica e solte. 

 

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Redação

Ricardo Severino, 50, Casado, Jornalista, Radialista, Desenvolvedor Web, Criador de conteúdo - MTB - 95472/SP

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