Goiânia – Acusada de ter matado o namorado com uma agulha de narguilé, a jovem Nicole Maria Ferreira da Costa foi absolvida pela Justiça. Na sentença, a juíza Maria Umbelina Zorzetti entendeu que a acusada agiu em legítima defesa. A decisão foi emitida no dia 20 de agosto, na capital goiana.
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), Adailton Gomes de Abreu Sousa, de 24 anos, morreu em 2020, no Residencial Village Garavelo, em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana. A situação aconteceu após uma discussão entre os dois. O caso foi divulgado pelo Metrópoles à época.
Relembre o caso
- O caso aconteceu no dia 18 de setembro de 2020. O casal, que estava em um relacionamento há cerca de um ano e onze meses, estava em uma feira quando começou a discutir sobre o que iriam comer.
- A discussão que teve início na feira continuou na residência dos casal. Durante a briga, Nicole atingiu Adailton com o instrumento perfurante. Segundo a denúncia do MPGO, a intuito era provocar lesões, no entanto, o golpe atingiu o coração do rapaz, que caiu no chão e não resistiu aos ferimentos, vindo à óbito no local.
- Na época do ocorrido, Nicole tinha 19 anos. Dois anos após a morte do namorado, a jovem chegou a relatar ter sofrido ameaças de morte.
- Inicialmente, Nicole havia sido denunciada por homicídio qualificado. Devido à desclassificação do crime, o MP ofereceu uma nova denúncia em maio de 2022 por lesão corporal seguida de morte.
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Discussão com agressões
Em depoimento, a jovem contou que após chegar em casa com o namorado, ele insistiu em entrar no seu quarto, onde destruiu móveis e objetos enquanto ela gritava. Nicole disse que foi surpreendida por ele, que, com o rosh (queimador) de um narguilé em mãos, começou dar golpes em sua cabeça e a asfixiar, enquanto a empurrava contra o guarda-roupa.
Para tentar se defender das agressões, ela teria pegado um objeto que estava sobre a mesa, sem conseguir identificar qual era, e desferido um golpe contra ele.
“A acusada afirmou que, no momento, não se deu conta de que havia causado a lesão fatal, pois, tomada pelo choque e pelo estado de quase desmaio em razão das agressões, não percebeu de imediato a gravidade do ferimento”, descreveu o documento do MPGO.
Nicole afirmou ainda que não tinha a intenção de matá-lo e que queria apenas parar as agressões e temia pela própria vida. Ela destacou que já havia sido vítima de violência por parte do namorado, que “a agredia fisicamente, restringia seus contatos sociais, controlava suas atividades e a ameaçava de morte caso o denunciasse”.
Decisão
No julgamento, a juíza considerou que a agressão sofrida pela jovem foi evidenciada pelos gritos de socorro ouvidos pelas testemunhas. “Ademais, a acusada, imediatamente após o ocorrido, prestou socorro à vítima, demonstrando que sua intenção era unicamente cessar as agressões, não causar a morte”, pontuou Zorzetti.
“O contexto de violência doméstica sistemática, as ameaças de morte proferidas pela vítima, a situação concreta de agressão no momento dos fatos e a reação proporcional da acusada configuram, de forma cristalina, todos os requisitos legais da legítima defesa”, reconheceu a juíza.