Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação e CDHU compartilham soluções para construção de 704 unidades habitacionais no Litoral Norte
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SDUH) e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) promoveram, em parceria com o Instituto de Engenharia (IE), o evento técnico “São Sebastião: Inovação na produção habitacional pós-eventos climáticos extremos” para engenheiros, arquitetos e demais profissionais da área de construção civil interessados.
Participaram do ciclo de palestras e discussões o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Branco, o presidente da CDHU, Reinaldo Iapequino, a diretora de Projetos e Programas da CDHU, Maria Teresa Diniz, e o diretor de Engenharia e Obras da CDHU, Silvio Vasconcelos, além do presidente do Instituto de Engenharia, José Eduardo Frascá Poyares Jardim, e do vice-presidente de Atividades Técnicas do Instituto de Engenharia, Ivan Metran Whately.
O secretário da SDUH, Marcelo Branco, reforçou a importância de iniciativas como essa que facilitam o intercâmbio de informações entre profissionais de engenharia, arquitetura e construção civil. “É uma felicidade muito grande ter a oportunidade de estar presente em eventos com o Instituto de Engenharia e fazer essa troca de experiências. E eu acredito que é uma troca, pois temos também a oportunidade de ouvir e receber sugestões”, afirmou. Ele destacou a exitosa atuação da SDUH e da CDHU em São Sebastião, que, segundo o secretário, foi um sucesso por vários motivos, desde o total apoio do governador Tarcísio de Freitas nas ações necessárias para atendimento às famílias afetadas até a dedicação extrema dos técnicos da CDHU.
O secretário ainda falou sobre a necessidade de a sociedade como um todo dar mais atenção às questões ambientais: “A origem de todos esses desastres, tanto aqui quanto o que estamos vendo no Sul é uma questão de mudanças climáticas. É preciso olhar para esse tema com seriedade. É um aprendizado para todos nós, e, infelizmente, em cada aula desse aprendizado há um sofrimento por trás.”
Nesse sentido, Marcelo Branco apontou uma das iniciativas da pasta que deixará um legado para o futuro: a contratação, através da SDUH, de um sistema por satélite que monitora 12.500 km², no litoral e na região metropolitana da capital. “Fazemos um acompanhamento pelo Instituto Geográfico e Cartográfico em tempo real de todas as adaptações feitas no solo nessas regiões. Hoje, o Estado tem como acompanhar essas invasões de área de risco, desmatamento, e nós estamos preparados para atuar em conjunto com as prefeituras de forma ágil nesses locais”, explicou.
O presidente do IE, José Eduardo Frascá Poyares Jardim, também exaltou o trabalho realizado pela SDUH no que diz respeito ao Litoral Norte e o compartilhamento de informações: “O Governo de São Paulo cumpriu sua missão e entregou no início deste ano mais de 700 moradias. Então, o IE abre hoje seu espaço para que a SDUH e a CDHU exponham suas experiências e técnicas na reconstrução habitacional e compartilhem com engenheiros, comunidade e autoridades.”
Reinaldo Iapequino, presidente da CDHU, destacou que o encontro foi uma oportunidade de, além de homenagear os técnicos da companhia que trabalharam incansavelmente para garantir o atendimento, garantir também a propagação de conhecimentos. “A intenção é difundir hoje o que foi feito pela CDHU no plano técnico, para que isso possa se tornar literatura e percorrer as escolas de engenharia, infraestrutura e colégios técnicos. A ideia é que a gente tenha esse conhecimento difundido”, disse.
Desafios e soluções
Após o desastre climático ocorrido em fevereiro de 2023, o Governo de São Paulo atuou de maneira efetiva e rápida no município de São Sebastião. A SDUH e a CDHU realizaram, em tempo recorde, o cadastramento e o atendimento habitacional das famílias que perderam suas casas: 704 unidades habitacionais foram entregues um ano após as fortes chuvas.
Muitas das adversidades enfrentadas exigiram da companhia responsável pela construção das unidades habitacionais inovações, como a escolha de métodos construtivos não convencionais e o reforço na fundação dos empreendimentos, por exemplo. Guardadas as peculiaridades de cada ocorrência, o compartilhamento de informações sobre essas ações do Governo de São Paulo pode, inclusive, auxiliar na reconstrução das cidades atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, principalmente após o escoamento das águas, quando chegar o momento de reassentar as famílias necessitadas.
Maria Teresa Diniz, diretora de Programas e Projetos da CDHU, explicitou que, apesar das grandes dificuldades e desafios, foi possível ter um amplo aprendizado com a situação vivenciada. “Quando ocorrem essas tragédias, a experiência nos ensina a lidar melhor com esse assunto e a enfrentarmos o atendimento emergencial, os planos de contingenciamento e a atuação pós desastre, mas também a planejarmos melhor como queremos que as nossas cidades sejam feitas e consertadas”, falou.
A diretora destacou ações da companhia que contribuíram para a execução de um atendimento efetivo e rápido, como a pronta realização de um levantamento de risco após o desastre para iniciar o cadastramento, a prospecção de terrenos, logo depois do ocorrido, com estudos e análises profundas, e a construção de projetos que visaram à provisão habitacional a curto e médio prazo, além da preocupação em criar um projeto harmonioso com as características do local. Ela também destacou a importância da Vila de Passagem, alojamentos construídos em poucos dias para acolher provisoriamente famílias desabrigadas. Além das 72 unidades nas Vilas de Passagem, o governo de São Paulo requereu temporariamente 300 unidades de um conjunto habitacional finalizado por uma entidade, mas que à época ainda não tinha moradores.
Maria Teresa Diniz, por fim, disse que a atuação frente a esses momentos de crise pede uma reflexão contínua e inovação por parte dos envolvidos. “Precisamos nos questionar como podemos inovar do ponto de vista do projeto, quais os estudos adicionais, as novas inspirações e o que é preciso fazer para termos um terreno adequado para aquele tipo de projeto”, finalizou.
O diretor de Engenharia e Obras da companhia, Silvio Vasconcellos, por sua vez, falou sobre os desafios e soluções para a realização das obras rapidamente após a tragédia, explicitando a evolução cronológica de todo o trabalho.
Do ponto de vista construtivo, o diretor destacou que o momento delicado exigiu a divisão de tarefas e de modelos de construção para a realização do atendimento mais célere possível nos terrenos prospectados àqueles que perderam suas habitações. “Trouxemos a produção alternativa para o terreno do Baleia Verde, que era o mais difícil de construir do ponto de vista geológico. Fizemos uma contratação emergencial dos pré-moldados e deixamos todo o acabamento para fazer uma contratação tradicional para a conclusão das obras”, explicou.
A tecnologia wood frame foi mais uma solução que, segundo o diretor, garantiu a agilidade do processo de construção: “Paralelamente aos trabalhos de terraplanagem e preparação do solo, por exemplo, houve o início da fabricação das peças para posterior montagem. Isso muda tudo, pois, quando se fala de pré-moldados, enquanto você resolve outras pendências no terreno, existe a estocagem de peças para transportar no momento oportuno e começar a montagem” afirmou.
Silvio Vasconcellos também destacou o trabalho de estabilização do terreno, que a partir de uma técnica inovadora permitiu ganhar tempo para o início da construção. “Se mantivéssemos o método tradicional de estabilização, na época que entregamos as chaves, um ano depois dos temporais, estaríamos apenas iniciando as edificações”, explicou.
A técnica alternativa utilizada usa estacas de concreto pré-moldado protendido. Sobre elas, é executada uma laje de coreamento com concreto de alta resistência. A laje, por sua vez, serve de suporte ao novo aterro feito com material granular (solo, areia e bica corrida) até atingir a cota de inundação. Já sobre o aterro é feito um radier para apoiar a base das edificações. Esse processo acelerou a estabilização do solo.
Além disso, os desafios envolveram restrições logísticas, como a estrada sem grande capacidade de escoamento para obras desse porte. Por exemplo, caminhões de concreto só podiam trafegar parcialmente carregados devido às características da pista, principalmente em trechos de serra. Outro desafio foi a necessidade de obter insumos e matéria-prima de diversas regiões, pois a produção local não deu conta da demanda dos empreendimentos.
Foto: Divulgação/CDHU – Fonte: SCGESP
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