
O mercado imobiliário brasileiro encerrou o segundo trimestre de 2025 com desempenho estável nas vendas e nos lançamentos, mas registrou queda na oferta de imóveis novos, segundo os Indicadores Imobiliários Nacionais divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Entre abril e junho, foram comercializados 102.896 imóveis, movimentando R$ 68 bilhões. O destaque ficou por conta do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que registrou alta de 11,9% nas vendas no período. No acumulado do semestre, as vendas cresceram 9,6% em comparação com 2024, enquanto os lançamentos tiveram aumento de 6,8%. Apesar do desempenho positivo, o estoque de imóveis caiu 4,1% em um ano, atingindo 290 mil unidades — o menor nível já registrado pelo indicador nacional. Caso não houvesse novos lançamentos, o volume atual de vendas esgotaria a oferta em cerca de oito meses.
Desafios e expectativas
De acordo com o presidente da CBIC, Renato Correia, a estabilidade no setor está relacionada ao crédito mais caro e à disponibilidade limitada de recursos do FGTS. A expectativa, no entanto, é de retomada dos lançamentos no segundo semestre, caso haja redução da taxa básica de juros. O economista Celso Petrucci, conselheiro da entidade, destacou que o mercado começa a sentir os limites do FGTS como fonte de financiamento: “O mercado estava mais forte, mas estamos começando a sentir uma certa estabilidade. Chega uma hora em que o efeito das mudanças no crédito perde força”, afirmou.
Especialista aponta impacto da Selic
Para o especialista em mercado imobiliário Bruno Pira, a taxa de juros segue como principal entrave para as vendas de imóveis prontos: “Com a Selic alta, os juros do financiamento estão entre 12% e 13% ao ano. Isso faz com que muitos compradores desistam quando percebem o peso da parcela. Antes, quem financiava R$ 1 milhão pagava cerca de R$ 10 mil por mês; hoje, esse valor chega a R$ 15 mil. Isso exige que a renda familiar passe de R$ 30 mil para R$ 45 mil, o que reduz bastante a demanda por imóveis prontos”, explicou. Segundo ele, enquanto o segmento de médio padrão sente os efeitos da Selic, os lançamentos populares e os imóveis de alto luxo mantêm bom desempenho. “O Minha Casa, Minha Vida continua vendendo em ritmo excelente graças aos subsídios e taxas menores. Já no alto padrão, muitos compradores usam recursos próprios e conseguem negociar descontos expressivos com as construtoras”, completou.
Perspectivas
O estudo mostra que, no acumulado de 12 meses, o país registrou o lançamento de 414.375 unidades, movimentando R$ 260 bilhões. Para o segundo semestre, a expectativa é de represamento dos lançamentos, com retomada gradual caso o cenário econômico apresente melhora.
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