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Nicarágua: regime Ortega tomou controle de colégio católico

O regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo, na Nicarágua, tomou o controle do Colégio San José, em Jinotepe, no Estado de Carazo. A instituição era administrada pelas irmãs josefinas e atendia cerca de 600 alunos. O governo alega que o local foi um centro de torturas e de assassinatos durante as manifestações de 2018.
A medida faz parte da ofensiva contra instituições católicas intensificada nos últimos anos. Rosario confirmou a intervenção em 12 de agosto. Ela afirmou que o colégio seria “transferido ao Estado” e renomeado como “Herói Bismarck Martínez”. As informações são do jornal argentino Infobae.
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Segundo a vice-presidente, durante a “ocupação criminosa” de Jinotepe, opositores supostamente usaram o colégio como base para cometer crimes contra o militante sandinista Bismarck Martínez.
“Havia um centro onde se torturou e assassinou com o golpismo”, disse, sem apresentar provas. “Esses crimes aconteciam no Colégio San José, e este colégio foi transferido ao Estado por causa da barbárie que se cometeu.”
Fundado em 1984, o Colégio San José passou à administração das josefinas em 1985. A congregação, presente na Nicarágua desde 1915, tem histórico de atuação em ensino e assistência social.
Em Jinotepe, oferecia educação integral da pré-escola ao ensino médio, unindo formação acadêmica, valores cristãos e desenvolvimento pessoal. O lema da escola era “Presença de Deus, autoestima e amor ao próximo”.
Instalações entregues ao Ministério da Educação
Dias antes do anúncio, funcionários da Procuradoria e policiais visitaram o colégio. A chegada de uma equipe do Ministério da Educação oficializou a tomada. O órgão apresentou o novo diretor e suspendeu as aulas até 18 de agosto para uma “reestruturação”. As religiosas tiveram de entregar chaves, arquivos e controle administrativo.
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O grupo opositor Grex denunciou que o novo diretor nomeado, Ermes Morales, é militante sandinista e atuou como paramilitar na repressão de 2018. Segundo trabalhadores e ex-docentes, o processo de hostilidade começou quando as irmãs se recusaram a hastear a bandeira do partido governista nas celebrações pátrias de setembro.
Regime Ortega usou caso Bismarck Martínez como justificativa
Bismarck Martínez desapareceu em junho de 2018 ao tentar chegar a Jinotepe, então bloqueada por protestos. A versão oficial afirma que opositores o capturaram, interrogaram e torturaram nas proximidades do colégio, antes de assassiná-lo. Em 2019, a polícia anunciou ter encontrado seus restos em um terreno próximo.
O regime incorporou o caso à narrativa de combate ao “golpismo criminal” e o utiliza para batizar programas de moradia, ruas e agora o próprio colégio. Famílias de Jinotepe, no entanto, contestam a acusação. Segundo pais, o San José funcionou como refúgio para feridos e perseguidos durante a repressão.
Perseguição à Igreja Católica na Nicarágua
A tomada do Colégio San José integra uma série de confiscos contra instituições religiosas desde 2022. Em 2023, o regime assumiu o controle da Universidade Centroamericana (UCA), administrada pelos jesuítas. Nos anos seguintes, expropriou seminários, conventos, casas de retiro e propriedades de dioceses em várias cidades.
As medidas incluem congelamento de contas, vigilância de missas e homilias, proibição de procissões e prisões de religiosos. Entre os casos mais conhecidos está o do bispo Rolando Álvarez, condenado e depois expulso do país.
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