Caso gerou repercussão e protestos de entidades acadêmicas e sindicais por liberdade de cátedra

Um professor da rede municipal de ensino de Ilhabela pediu demissão após sofrer pressão institucional e críticas públicas em razão de uma aula que abordava o conceito de tempo por meio das mitologias africana e grega. O caso foi revelado pelo portal UOL e gerou repercussão nacional.
César Augusto Mendes Cruz, doutor em História, lecionava para o 6º ano na Escola Municipal Major Olímpio. A atividade em questão utilizava as divindades Iroko (da tradição yorubá) e Cronos (da mitologia grega) para explicar diferentes concepções temporais. O conteúdo seguia a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e incluía ainda referências à arte europeia e à canção “O Tempo”, do grupo Moinho.
A aula foi criticada por um vereador durante sessão da Câmara de Ilhabela, que questionou sua adequação e alegou desconforto de famílias religiosas. A exposição pública foi acompanhada de críticas nas redes sociais, gerando constrangimento e, segundo o professor, pressão dentro da escola.
Diante do cenário, Cruz entregou seu pedido de desligamento, afirmando que não se sentia mais seguro para exercer a profissão com liberdade. A decisão causou indignação em setores da educação. Entidades como a ANPUH (Associação Nacional de História), a União Brasileira de Mulheres e o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ilhabela emitiram notas de repúdio.
Para os defensores do ensino crítico, a situação evidencia os riscos à liberdade de cátedra e ao pluralismo de ideias nas escolas públicas. Até o momento, a Prefeitura de Ilhabela não se pronunciou sobre o caso.
Fonte: UOL – Adaptado por Voz do Litoral
Imagem: Reprodução