
Em resposta a matéria publicada a assessoria de comunicação do B Hotel respondeu:
Em referência à matéria publicada, o B Hotel vem a público informar que, tão logo soube das denúncias dirigidas ao senhor Alfredo Stefani Neto, determinou seu afastamento imediato, conduziu uma apuração interna rigorosa e, diante das evidências, procedeu ao seu desligamento por entender que o comportamento deste funcionário não estava alinhado com os valores inegociáveis do grupo de respeito à diversidade e inclusão nem à altura do serviço de excelência de nossos mais de 280 colaboradores.
Cientes de nossa responsabilidade e para reforçar nosso compromisso com um ambiente livre de discriminação e seguro para nossos colaboradores, adotamos uma série de medidas que visam melhorar nossos mecanismos de controle e políticas internas. São elas:
• Contratação de consultores especializados em diversidade, equidade e inclusão (DEI) para revisar e aprimorar as políticas internas;
• Realização de treinamentos obrigatórios sobre vieses implícitos, respeito às diferenças e ambiente de trabalho livre de discriminação;
• Criação de canais de denúncia, garantindo que colaboradores e hóspedes possam se manifestar com segurança e recebam retorno transparente e ágil;
• Avaliação contínua da nossa cultura organizacional, mediante realização de pesquisas com foco em prevenção e na promoção de um ambiente acolhedor para os hóspedes, colaboradores e parceiros.
Reiteramos que condutas incompatíveis com nossos princípios serão tratadas com total rigor e sem tolerância. Não compactuamos com qualquer comportamento que atente contra esses princípios. O B Hotel seguirá atuando de forma firme e transparente para assegurar que nossos valores sejam compreendidos por todos – colaboradores, fornecedores e hóspedes – em todas as nossas relações.
Entenda o que houve:
O ex-gerente-geral do B Hotel, Alfredo Stefani Neto (foto em destaque), 64 anos, foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) após uma série de relatos de que ele teria por hábito ofender e discriminar funcionários do hotel de luxo. Os crimes teriam ocorrido entre 2022 e o início de 2025.
Paulista, Alfredo tem mais de 30 anos de experiência na área de hotelaria, onde atuou em diversos destinos nacionais e internacionais.
Formado em design industrial pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e em direito pela Faculdade de Direito Milton Campos, ele fez especializações na área de hospitalidade.
Veja fotos de Alfredo:
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No currículo, Alfredo acumula experiências em diversos segmentos do setor hoteleiro, com passagens por resorts, empreendimentos corporativos e pousadas de luxo.
Desde junho de 2022, o acusado de crimes de homofobia e racismo permaneceu na gerência do B Hotel até janeiro deste ano, quando foi afastado e, em abril, demitido.
O B Hotel, localizado no Setor Hoteleiro Norte, é um dos hotéis mais renomados de Brasília e costuma receber diversos hóspedes ilustres, inclusive delegações de times e seleções de futebol.
Condutas discriminatórias
A Justiça acatou a denúncia e tornou Alfredo réu. O MP alega que o ex-gerente apresentou condutas discriminatórias e ofensivas motivadas por preconceito de raça, origem regional, orientação sexual, identidade de gênero contra pelo menos nove vítimas.
A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) concluiu a investigação do caso e enviou ao MPDFT.
Segundo as investigações, Alfredo teria chamado as vítimas de “nordestina burra”, “vai comer cuscuz”, “terrinha seca”, em referência à região Nordeste. Em outra ocasião, teria falado “Isso é uma coisa” , “na verdade é um cara”, e “não quero isso aqui” ao se referir a uma hóspede transexual.
Em outro caso, o Alfredo proferiu ofensas contra um funcionário, chamando-o de “bichona” e, ao se referir ao público LGBTQIA+ que frequentava evento próximo ao hotel, disse que “esses viados não vão embora”.
De acordo com a denúncia, o homem teria feito, também, comentários pejorativos sobre a aparência física e corporal de alguns empregados do hotel, criando ambiente de trabalho hostil, opressor e humilhante, conforme relatos de diversas testemunhas e vítimas do suspeito.
O MPDFT pede à Justiça do DF a indenização mínima de R$ 5 mil às vítimas, para reparação dos danos causados pela infração de racismo e homotransfobia, nos termos do artigo 387, IV, do Código de Processo Penal (CPP).
Após aceitar a denúncia, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) deve, agora, levar o caso a julgamento. Se condenado, Alfredo pode pegar pelo menos 10 anos de prisão.
O Metrópoles acionou o hotel, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. A defesa do ex-gerente não foi localizada. O espaço segue aberto para pronunciamento.
Fonte: link original