
Nos últimos anos, com as redes sociais, os relacionamentos ganharam um vocabulário próprio. Um dos termos que mais viralizou é o conhecido como red flags, ou bandeiras vermelhas, em português. Se você colocar o termo no TikTok, por exemplo, encontra milhões de posts sobre comportamentos problemáticos que podem indicar situações negativas ou perigosas em diversos contextos, sobretudo, o emocional.
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Apesar da disseminação do conteúdo, identificar esses sinais de alerta e sair de um relacionamento tóxico, principalmente quando envolve um sentimento, não é fácil. Romper com esses padrões pode ser um desafio para muitas pessoas.
O que são as red flags?
Segundo a psicóloga Olívia Primo Benetasso, as red flags são sinais de alerta que indicam comportamentos problemáticos, abusivos ou incompatíveis em uma relação, e que, se ignorados, podem trazer consequências emocionais sérias.
“As red flags são atitudes ou padrões de comportamento que indicam que algo não vai bem em uma relação. Elas podem aparecer logo no início, mas também podem surgir aos poucos, à medida que o vínculo se aprofunda”, detalha.
De acordo com a profissional, esses comportamentos podem incluir ciúme excessivo ou possessividade, controle disfarçado de “cuidado”, falta de empatia ou de escuta, comentários que diminuem o outro, isolamento de amigos e familiares, promessas quebradas constantemente, culpar o outro por tudo e comportamentos agressivos, mesmo que verbais.
Olívia pontua, no entanto, que os alertas, muitas vezes, são normalizados ou até confundidos com “provas de amor”, o que pode tornar mais difícil reconhecê-los.
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Por que é tão difícil romper relacionamentos mesmo diante de sinais de alerta?
Quando a paixão entra em cena, o cérebro realmente fica em outro modo. Em uma pesquisa de 2005, estudiosos demonstraram, por meio de exames de ressonância magnética funcional, que a simples visão da foto de um parceiro ilumina a área tegmentar ventral e o núcleo caudado — centros de recompensa ricos em dopamina. A dopamina aguça o foco na pessoa amada, enquanto a ocitocina e a vasopressina começam a solidificar a atração em apego. Com isso, o circuito neural busca recompensas, não sinaliza potenciais problemas.
Por isso, de acordo com Olívia, saber por que, muitas vezes, “não enxergamos” as red flags não tem a ver com falta de atenção. A resposta a essa pergunta é complexa e profundamente enraizada na formação emocional e social, principalmente, das mulheres.
“Desde cedo, muitas são ensinadas a cuidar, ceder, perdoar, compreender o outro mais do que a si mesmas, fomos socializadas para acolher, justificar e tolerar comportamentos masculinos. Além disso, fatores como dependência emocional, baixa autoestima, medo da solidão ou até traumas anteriores podem fazer com que a mulher ignore o próprio desconforto”, argumenta.
A psicóloga ainda aponta que é comum escutar frases como “ele é assim porque sofreu muito” ou “ele só faz isso porque me ama demais” — “justificativas” que dificultam o rompimento de padrões tóxicos.
“O amor romântico, idealizado em filmes e livros, muitas vezes, normaliza relações tóxicas. Basta lembrar do relacionamento entre Bella e Edward, na saga Crepúsculo, marcado por vigilância constante, dependência emocional e desequilíbrio de poder, aspectos que muitos adolescentes interpretaram como ‘românticos’ na época”, exemplifica.
Além disso, o amor, o desejo de pertencimento ou a idealização do parceiro podem “nublar” o julgamento. “Sentimentos intensos podem levar à negação dos sinais de alerta, como se reconhecer a verdade fosse sinônimo de fracasso pessoal.”
Outro ponto destacado por Olívia são os ciclos de reforço emocional, em que, após um comportamento agressivo, o parceiro pode pedir desculpas e agir de forma carinhosa, o que gera confusão emocional. “Esse ‘vai e vem’ prende muitas mulheres em relações desgastantes e perigosas. Frases como ‘ele vai mudar’, ‘ele só precisa de amor’, ou ‘eu o entendo como ninguém’ são comuns, mas perigosas. Isso sustenta a permanência em relações que oferecem migalhas emocionais.”
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