Sobreviventes de naufrágio relatam drama no mar: “Pensei que ia morrer”

Divulgação GBmar

Dois pescadores que sobreviveram ao naufrágio de um barco durante uma tempestade no litoral de São Paulo contaram como foi a experiência de ficar mais de 15 horas boiando no mar, sem colete salva-vidas, esperando por socorro. Eles perderam um amigo, que não resistiu e morreu antes de ser resgatado pelo Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar).

O acidente aconteceu na tarde de quinta-feira (3), quando os três homens saíram de Caraguatatuba com destino a Ilhabela para uma pescaria. Eles estavam em uma embarcação de pequeno porte, chamada Dumar, que foi atingida por fortes rajadas de vento e ondas de até quatro metros de altura. O barco tombou e afundou parcialmente, deixando os pescadores à deriva.

“Eu estava na cabine, quando senti o barco virar. Saí correndo e vi o meu amigo já na água. Ele gritou: ‘Me ajuda, me ajuda’. Eu peguei uma corda e joguei para ele, mas ele não conseguiu pegar. Foi a última vez que eu vi ele vivo”, disse José Carlos da Silva, de 48 anos, que era o dono do barco.

Ele disse que tentou se agarrar a uma caixa de isopor que estava no barco, mas ela se soltou e foi levada pela correnteza. Ele ficou apenas com uma garrafa de água, que usou para se manter na superfície. “Eu pensei que ia morrer. Fiquei rezando e pedindo a Deus para me salvar”, contou.

O outro sobrevivente, Antônio Carlos de Souza, de 52 anos, disse que conseguiu se segurar em um pedaço de madeira que se soltou do barco. Ele disse que viu o amigo que morreu se afogar, mas não pôde fazer nada para ajudá-lo. “Ele estava muito fraco, não tinha força para nadar. Ele foi se afundando devagar, até sumir. Foi muito triste”, disse.

Os dois pescadores passaram a noite inteira no mar, enfrentando o frio, a fome, a sede e o medo de serem atacados por tubarões. Eles disseram que tentaram se aproximar da costa, mas a correnteza os levava para longe. Eles também tentaram chamar a atenção de outros barcos que passavam pela região, mas não foram vistos.

Na manhã de sexta-feira (4), por volta das 10h30, eles avistaram um helicóptero do GBMar, que fazia buscas na área. Eles acenaram e conseguiram ser localizados. Os bombeiros desceram uma corda e içaram os dois pescadores, que estavam em estágio inicial de hipotermia. Eles foram levados para o Hospital de Ilhabela, onde receberam atendimento médico e foram liberados.

O corpo do amigo deles, João Batista da Silva, de 47 anos, foi encontrado horas depois, boiando próximo à praia. Ele foi reconhecido pelos sobreviventes e encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de São Sebastião. A família dele foi avisada do ocorrido e está providenciando o sepultamento.

Os pescadores disseram que estavam acostumados a navegar na região e que não esperavam pela tempestade. Eles disseram que não tinham coletes salva-vidas no barco, porque achavam que não precisavam. Eles afirmaram que aprenderam uma lição e que vão tomar mais cuidado da próxima vez. “Foi um milagre. Agradeço a Deus por estar vivo”, disse Antônio Carlos.

O caso foi registrado na Delegacia de Ilhabela, que vai investigar as causas do naufrágio. O barco Dumar foi localizado pelo GBMar e será retirado do mar nos próximos dias. Os pescadores disseram que pretendem consertar a embarcação e voltar a pescar, mas com mais segurança.

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Redação

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