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Veja detalhes da investigação do Ministério Público contra Hytalo Santos

Investigações do Ministério Público da Paraíba revelam um possível esquema de exploração de crianças e adolescentes comandado pelo influenciador Hytalo Santos e seu marido, Israel Natan Vicente. Ambos foram presos na sexta-feira 15, em Carapicuíba, Região Metropolitana de São Paulo, depois de determinação judicial.
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O casal já era alvo de apurações sobre tráfico humano, exploração sexual e trabalho artístico infantil, antes mesmo da denúncia de outro influenciador, o Felca, que publicou um vídeo sobre o caso. A detenção ocorreu em razão de risco de fuga e de destruição de provas.
Durante a operação policial, oito pessoas estavam na residência, incluindo assessores. Contudo, houve apenas a detenção de Hytalo e Israel. Agentes apreenderam oito celulares no local. O Ministério Público sugere que o casal produzia vídeos e fotos que exploravam a imagem de menores, em um condomínio de Bayeux, na Grande João Pessoa.
Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a promotoria solicitou a prisão preventiva, a qual a Justiça aceitou na quinta-feira 14.
Hytalo Santos promovia reality shows e exploração de menores
De acordo com a investigação, Hytalo organizava reality shows virtuais com jovens, muitos deles menores de idade, alojados sob sua responsabilidade informal em uma mansão. Os conteúdos incentivavam a sexualização precoce de adolescentes, chamados de “crias”, “filhas” e “genros”. O influenciador fornecia apoio financeiro tanto aos jovens quanto a seus familiares.
“O acusado pratica ‘adultização’ de adolescentes, que consistente na indução precoce a comportamentos e performances sexualizadas, empregada como estratégia deliberada de engajamento digital e rentabilização econômica”, afirmou a promotora Ana Maria França Cavalcante de Oliveira, da 2ª Promotoria de Justiça de Bayeux.
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“Ainda que sob aparência de lazer, tal conduta traduz utilização indevida da imagem de menores com finalidade lucrativa, configurando exploração sexual e trabalho infantil artístico irregular, uma vez que o conteúdo produzido é monetizado em plataformas digitais.”
O Ministério Público também afirma que, por anos, o influenciador teria se aproveitado da fragilidade social e emocional das vítimas. Hytalo Santos prometia recompensas em troca de poses, danças e coreografias erotizadas para divulgação nas redes.
“Ele retira as crianças das famílias originárias sob a pálida e falsa promessa de melhoria de vida e criação de oportunidades, trazendo participantes de suas cidades, separando-os dos pais para ficarem em seu ‘circo macabro’”, escreveu a promotora. “Depois as excluía da mesma forma que as trouxe, simplesmente as colocando em um carro e encaminhando de volta.”
Influenciador ficava com o lucro
Relatos colhidos pelo Ministério Público do Trabalho mostram que Hytalo não pagava as adolescentes que apareciam no conteúdo. Conforme as histórias, ele ficava com todo o dinheiro das campanhas publicitárias.
Um policial militar, contratado como segurança, contou que recebia depósitos de plataformas de apostas patrocinadoras do influenciador, e que os menores não tinham acesso a dinheiro, nem para consumir um sorvete.
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“Hytalo fica com todo o dinheiro dos contratos de publicidade fechados pelos adolescentes e demais integrantes da turma”, contou. “Além disso, eles não possuíam cartão de crédito e não recebiam qualquer dinheiro do influenciador. Tudo era pago por Hytalo e os menores não tinham dinheiro nem para tomar um sorvete na esquina.”
Estratégias para disfarçar ilegalidades e fuga
Para dar aparência de legalidade, Hytalo alegava ter tutela dos jovens, embora só contasse com autorizações verbais dos pais. Pelo condomínio em que vivia na Paraíba, recebeu diversas multas por conduzir moto sem capacete e transportar adolescentes seminuas. Ele gravava e divulgava essas situações em suas redes, para ampliar a visibilidade.
Em razão dos fatos, a promotoria afirmou que, solto, o influenciador poderia fugir do país e destruir provas. O delegado Fernando Davi, do Departamento de Investigações Criminais, reforçou o risco de evasão.
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“Estavam escondidos aqui no Estado de São Paulo”, disse Davi. “A suspeita é que eles estavam, sim, tentando se evadir e já sabiam que seria expedido o mandado de prisão. O mandado de prisão foi expedido na madrugada de ontem [quinta-feira], na verdade. Então parece que eles já tinham essa noção.”
O advogado do casal, Felipe Cassimiro, sustenta que Hytalo e Israel não pretendiam fugir e que já estavam em São Paulo antes da ordem de prisão. A defesa afirmou que apresentará pedido de habeas corpus ao ter acesso à decisão judicial.
“A gente está lidando com influenciadores digitais de grande porte, pessoas que têm compromissos em vários estados, sobretudo em São Paulo”, disse Cassimiro. “Ele está há mais de um mês aqui.”
Na quarta-feira 14, a Justiça da Paraíba autorizou buscas na residência de Hytalo em João Pessoa. Agentes apreenderam celulares, computadores e equipamentos usados nas gravações. No momento da operação, a casa estava vazia e a máquina de lavar ligada. O condomínio informou à polícia que Hytalo havia deixado o local com muitos equipamentos pouco antes da chegada das equipes.
Fonte: link original
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